Divertido
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Empurrei a porta com força e pressa: debaixo da árvore, uma caixa grande como um desejo. Ainda em pijama, os meus pais vieram a seguir, muito novos, e acarinhados um no outro. Sentaram-se no sofá e deixaram-me a cirandar em volta do embrulho, como um predador. Com as minhas mãos pequenas esforcei-me para romper o laço. A minha mãe levantou-se e rápido o desfez (os adultos têm prática em quebrar coisas, nomeadamente promessas). Abri a caixa e tirei de lá o presente: era uma pequena rapariga, de cabelos encaracolados castanhos e uma galáxia menor de sardas. Calculo que tivesse razoavelmente a minha idade (ligeiramente mais velha). Os meus pais disseram-me que se chamava
internet, mas eu abreviei para
terna. Arranjei-lhe um espaço no meu quarto, por cima da mesa, que desimpedi dos meus livros. E, nos anos da minha infância perpétua, ela tornou-se o meu hobbes.
[
post a propósito da descoberta do
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foto da série costa da caparica, de heidi slimane (1989)