Friday, March 02, 2007

Reconquistando/Reconquistar
E quando Pandora se preparava para fechar a caixa, Elpis, a quem chamam de esperança, gritou, callas, numa voz aguda e fina, como uma adolescente olhando-se ao espelho e comparando-se com o recorte de revista da keira knightley. Pandora de olhos egípcios olhou-a, aconchegada, com um medo timorense, no canto e fundo do vaso. Estendeu-lhe o dedo. Ela agarrou-o, com frio, e deixou-se levar ao dia e ao sol. Pandora elevou-a à altura dos olhos e aí, a Esperança esticou as suas asas de borboleta, como se rompesse um casulo que não havia, fez-se anja colorida, como fora uma bastarda das hostes divinas (a que os homens chamaram fadas), e voou, com a ligeireza de uma andorinha. Pandora sorriu, mau grado a calamidade e o choro prévio. E assim foi, dentre as coisas humanas, a primeira que conheceu esperança.

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